domingo, outubro 31, 2004

perversões

na mesma noite em que tentaram me algemar,
eu ganhei uma cotovelada no peito
e um hematoma na coxa.
e nada disso ocorreu entre quatro paredes.

sábado, outubro 30, 2004

retrospectiva [parte IV]

"... é a fatalidade de voar em círculos: você é livre mas não sai do lugar.
eu quis assim, talvez cem anos de solidão;
é possível que você me prenda, se quiser.
mas eu não peço para você ficar.
isso não.
por mais que eu queira, nunca pedirei
(negue, negue sempre).
palavras bonitas não saem com facilidade da minha boca,
não falo sobre o amor em vão
(só para esclarecer que ele não passa de uma ilusão, amargamente doce, até agora).
posso estar de passagem a cada dia,
assim como este pode ser o último.
a pequena está aí.
a pequena dor, a pequena angústia, a pequena lágrima, a pequena nota que sempre coloco no final, literalmente.
já fiz planos para o futuro sem ao menos saber sobre o agora.
todas as estrelas podem explodir que só escutarei o murmúrio incessante do monólogo das flores."

nossa. que menina melindrosa. ainda bem que essa época já passou.

quinta-feira, outubro 28, 2004

"... uma escolha errada anula uma certa..."

é, faz sentido.

você já fez uma escolha errada
e foi a escolha certa?
você já fez uma escolha certa
e foi a escolha errada?

sim sim. ainda bem.

quarta-feira, outubro 27, 2004

retrospectiva [parte III]

"como é difícil dizer não,
como é difícil dizer sim,
incondicionalmente;
como é difícil sentir o cheiro,
como é difícil ter o cheiro;
como é difícil ter razão
- razão subjetiva?-;
como é difícil rir das palavras afáveis
e da proteção oferecida;
como é difícil ter que ir embora,
sabendo que vai voltar;
como é difícil olhar o passado
e (não) condenar;
como é difícil ter noção das horas
e querer jogar tudo fora.

mas negue. negue sempre."

relato da época na qual eu estava quase apaixonada e não acreditava.

terça-feira, outubro 26, 2004

oftamologista

minhas pupilas estão do tamanho do mundo.

e eu não consigo enxergar nada.

segunda-feira, outubro 25, 2004

viva a aniversariante!

companheira de vida nova
conhecida velha
mas amiga nova.

menina cheia de cores
menina lápis de cor
menina bonita!

padecemos do mesmo "mal"
gostamos de brincar com palavras
mas são elas que brincam com a gente.

nós tivemos a audácia de ter filhos
sem ao menos ficarmos grávidas!
filhos temperamentais...

menina da vida charmosa
repleta de peixinhos dourados
e de algumas bananas.

(mari, ficou bobo mas é de coração! te adoro, viu?)

domingo, outubro 24, 2004

eu tentei ser uma arte

eu poderia ter sido O Grito,
mas não sou tão expressiva.
eu poderia ter sido Monalisa,
mas não sou tão ousada.
eu poderia ter sido Guernica,
mas não estou tão despedaçada assim.
eu poderia ter sido uma natureza morta,
mas estou bem viva.

preferi ser a Amelie Poulain.

uma frase que vai ficar para a (minha) história: "droga! tem chocolate aqui..."

sexta-feira, outubro 22, 2004

bordel self-service

elas fazem tudo aquilo
a quilo.
hoje, pela manhã, perdi o meu açúcar.
mas vou recuperá-lo mais tarde.
ele deve estar perdido entre os meus lençois.

quinta-feira, outubro 21, 2004

gentileza

_ Ei, você tem horas?

_ Tenho sim. De quantas você precisa?

quarta-feira, outubro 20, 2004

antes fosse uma paixão

eu não durmo direito.
eu não como direito.
eu fico ansiosa quando ele chega.
ele me deixa angustiada, às vezes.
eu me sinto presa por causa dele. (que triste!)
ele me sufoca.
ele não merecia essas letrinhas bobas.
eu só penso nele.
mas ele não tá nem aí pra mim.

ai, vestibular.

terça-feira, outubro 19, 2004

malcriado

eu queria tanto, mas tanto
que te fiz pequenino.
te coloquei no bolso
e você beliscou o meu bumbum.

segunda-feira, outubro 18, 2004

retrospectiva [parte II]

... numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo...

e com cinco ou seis retas é facil fazer um castelo. só se for pra você. eu tentei e não consegui. um castelo? nada. só dá pra fazer uma casinha mesmo. você já conseguiu? tá, não venha me dizer que o castelo é uma metáfora do nosso doce lar e que nós temos que desenhar é uma casinha mesmo. não dá, não dá.

... brilha brilha estrelinha...

brilha? só um pouquinho? brigada.

... e fumar o meu cigarro, na falta de absintho. eu sinto tanto, eu sinto muito. eu nada sinto...

eu não fumo.
tabaco, nicotina e outras coisas.
nunca bebi absintho.
mas eu sinto tanto.
eu sinto muito.

... bom dia pinguim, onde vai assim com seu ar apressado? eu não sou malvado, não fique assustado com medo de mim...

alguém não gosta de pinguins?
eles são tão simpáticos.
e fofos.
pena que não conseguem olhar pra cima.

domingo, outubro 17, 2004

*suspiro*

hoje eu estou assim. meio suspiro, meio maria-mole.

uma vidinha pacata, sem acontecimentos cinematográficos, pode ser mais charmosa do que a vida eufórica que muitos desejam. eu gosto das pequenas delicadezas...

hoje eu estou assim. com alguns sorrisos suspirantes.


sábado, outubro 16, 2004

banho frio

a melhor sensação é aquela que aparece quando lavo o meu pescoço.

depois que me lembro que eu não sou peixinho, o banheiro já virou banheira.

era uma casa muito engraçada...

moro numa casa barulhenta
mas quando o sol se vai
o silêncio entra.

sexta-feira, outubro 15, 2004

retrato

de perto
desperto
o rosto
disperso

de longe
descrevo
o rosto
discreto.

quarta-feira, outubro 13, 2004

retrospectiva [parte I]

"e se eu não consigo dormir eu me transporto para a cama bordada de palavras bonitas e sinto o cheiro das tulipas, mas não gosto de receber flores, é tão triste no final, embora esteja feliz, com a felicidade patética que sempre dura pouco mas vale a pena, e eu não preciso tanto dormir como antes, já estou um pouco descansada de tudo da vida, um pouco roxa também, mas que importa agora, agora estou pateticamente feliz mesmo sem motivos aparentes e realmente nada disso importa mais que o segundo da concentração, aquele segundo demorado e morno, que faz você se lembrar da pele lisa e sem rugas de preocupação, aí você abre a torneira e tudo de ruim flui por três segundos, um pouco mais de tempo, é claro, mas flui, e você fica leve e pateticamente feliz, há quanto tempo isso não acontecia, e tudo isso por causa da falta de sono momentânea."