domingo, maio 27, 2012

sábado, maio 12, 2012

ponte

um chorinho, baixinho.

ficou uma marca, no braço, de quando eu saí apressada do carro nesse dia só para te ver. e não vi a porta voltando. doeu, mas nem senti. estava feliz. um hematoma de todas as cores, ali.

olha a fonte, que bonita! não medi distância, passei tão perto e me deixei molhar.
não medi distância e me deixei molhar

foi o cheiro, sempre ele, que embriaga. foram as palavras, sempre elas, que amaciam. foram os detalhes, sempre eles, que encantam. foram as músicas, sempre elas, invadindo o vazio. foram as entrelinhas, sempre elas, foram tantas. me perdi. 

quis poder dizer "só sei dançar com você", depois de tanto tempo sem nada dizer. sem sentir. mas a música ainda não tinha começado. era só passagem de som. dissonante. delirante. 

um chorinho, baixinho. em outro tom.

quarta-feira, maio 02, 2012

contra-exemplo

“, que não só eu não conheço ninguém, não encontrei ninguém, não tive nem notícias na história da humanidade de ninguém, ninguém que tenha sido mais feliz que eu, e afortunado, eufórico – é verdade a priori, não? –, ébrio de gozo ininterrupto, mas que apesar disso eu permaneci como o contra-exemplo de mim mesmo, também constantemente triste, privado, destituído, decepcionado, impaciente, ciumento, desesperado, e, se de fato ambas as certezas não se excluem, então ignoro como arriscar a mais mínima frase sem deixá-la cair por terra, em silêncio, sem deixar cair por terra seu léxico, cair por terra sua gramática e sua geologia, como dizer outra coisa que um interesse tão apaixonado quanto decepcionado por esta coisa, a língua, a literatura, a filosofia, outra coisa que a impossibilidade de dizer todavia, como faço aqui, ‘eu, eu assino.’ ”

roubei do amigo david, que roubou do derrida.