quarta-feira, maio 11, 2016

quinta-feira, abril 21, 2016

meditação

inspira.

acho que preciso de mais café. foca. leão marinho. que saudade da neve! escuta o barulho da água. afoga o monstrinho da ansiedade ali. que caminho torto esse que fui escolher. agora vai, desiste não.  que saudade dele. quem disse que melhorava com o tempo? opa, isso dói. afoga a dor. círculos, círculos, círculos. volta aqui. eu sou. acho que vou abrir o olho para ver o tempo. metade. da laranja, dois amantes, dois irmãos. que difícil concentrar. tem uma folha em branco te esperando. várias, aliás. vou quebrar o paradigma e entregar assim: esse vazio é para você exercer sua criatividade, conclua como quiser. melhor não. o ambiente não é propício para inovações. a conclusão é o espaço da loucura. se desenvolve em linha reta, forma laços, desata nó(s). poesia no direito? que ideia. em que espelho ficou perdida a minha face? agora também não é hora de poesia. foca. leão marinho. ai, de novo...

expira.


so'ham

sábado, outubro 31, 2015

sobre a saudade e o chocolate quente

"Obrigado!"

Essa foi a última coisa que ouvi você dizer. 

Fiz um chocolate quente para mim, outro para você. Levei até você, na sua poltrona vermelha, e fui dormir. No dia seguinte, estava no banho quando você saiu. Algum tempo depois, ligaram. Te vi de novo, desacordado, entrando na ambulância. Até então, eu estava forte. Acho que não queria acreditar. 

Já no hospital, desabei. Chorei e solucei sozinha, com estranhos me olhando com dó e preocupação. Médicos vieram falar comigo: "é grave, mas estamos fazendo de tudo". Chorei e solucei com a família e amigos. 

"O coração dele é forte" - disse um dos médicos. E eu não sei? Forte, enorme e bom. 

Será que você percebeu o carinho que eu fiz na sua barba naquela cama de hospital? 

No dia seguinte, você se foi. Queria poder ter agradecido, por tudo. Queria tanta coisa. Agora só tenho essa saudade, que dói, dói e dói. Acho que é mentira aquela história de que o tempo cura tudo. Cura nada, só nos ajuda a nos distrair com outras coisas. 

Minha "distração" agora é minha dissertação de mestrado. Por ironia do destino, tenho que escrever sobre a morte - e a vida. Como escrever sobre, se eu ainda não aprendi a lidar com? Aliás, será que algum dia nós aprendemos?

Vou tentando. 

Até hoje não consegui tomar um chocolate quente de novo. 


ilustração de gervasio troche






sexta-feira, abril 18, 2014

macondo

o presságio é o desapego. até o sapato verde já se foi. 
então vem a coragem e a carta de alforria para uma pequena alegria entre tantos dias corridos. já me perdi no meio desses papéis. 
uma noite. real e fantástica. 
pouca luz, muito som. você ali, sorri. fico vermelha, você não vê. sorri de novo. mais uma vez. que coisa bonita. é outono, não é? naquela nota, eu te noto, você me nota, a gente se denota? talvez. sempre gostei das metáforas, das entrelinhas e da linha que desenha seu nariz. a vida é longa, você diz. o tempo nos contradiz. 

______________________



segunda-feira, agosto 19, 2013

o que foi, o que é e o que poderia ter sido - vir a ser

[O amor é bem mais do que tudo isso; antônio]

O amor parece ter nascido aqui nesse leito sereno para depois morrer confuso, ali, no seu peito ausente. Talvez nada lhe falte e até sobre verdade sobre a mesa do jantar que não jantamos ontem. Talvez até sobre um recado no bolso do paletó, que diz que a paixão é um pequeno pecado doido para ser perdoado. Eu perdoei loucamente todos os seus pecados: um por um, dores por dores, sentimentos por sentimentos. Talvez ainda reste um resto de eu te amo enrolado neste guardanapo que roubei do balcão do meu bar predileto… Na gaiola invisível ainda ouço a liberdade se prender ao canto do curió – meu pássaro favorito! Curiosos são aqueles que querem a verdade, o que eu quero é ver, rever, berrar: reverberar!



Ainda me lembro do dia em que dissemos: seremos felizes até que a poesia nos repare. Primeiro, você riu, eu gargalhei e nós casamos. Depois, eu li, você ouviu e, nus, transamos. Por fim, eu lembrei, você se esqueceu e nós cansamos. Hoje, ainda que me falte você, nunca me faltará poesia. Um poema é o próprio abandono descrito em versos, diversas vezes. É o poeta em estado onírico implorando em rimas, alexandrinos, decassílabos decadentes: “Volta para mim, palavra bonita. Volta!”. Seu mundo sempre foi confuso, uma mistura moderna de Garcia Márquez com qualquer pintura de Velásquez. Você só parece amar quem pisoteia nos seus sonhos, quem tapa os seus sorrisos com lágrimas, quem lhe abandona sem roupa, sem mundo, sem beijo. Veja só: As Meninas na corte do rei parecem cortejar o seu coração. Corta a cena: seu azar foi ter vivido Cem anos de Solidão em uma única relação. Talvez por isso nada lhe emocione mais: nem o piano que toca algumas notas de jazz, nem o coração em guerra que, no peito, hasteia uma bandeira de paz. Talvez por isso nada lhe interesse mais: nem as cartas nem as caras de amor. Todas elas são ridículas, já dizia o poeta, todas elas são partículas de sentimento que não insiste mais… Contudo ainda me pego algumas vezes tateando uma sombra incompreensível que fala e que fuma e que finge estar viva. Só finge! Uma sombra precisa de luz para ser viva. Um amor precisa de vida para reluzir. Eu preciso de ambos para existir.

Agora podemos ir, dobrar uma esquina qualquer, reconhecer que a vida tem seus tropeços, seus problemas e seus soluços. E soluços nada mais são do que palavras que morreram engasgadas na vontade de dizer. O tempo dirá, o remorso roerá, o cigarro apagará e eu tenho a mais absoluta certeza que outra beleza menos confusa e mais Clara amanhecerá no meu mundo para me amar como eu não te amei.

E se você foi covarde, tudo bem… Todo mundo tem suas fraquezas. Nem todo mundo aguenta ser feliz. Eu também preciso de uma Trégua

Fique com seus romances latinos;

Eu versifico com os meus poemas batidos:

O amor é bem mais do que isso… O amor é bem mais do que tudo isso.





domingo, agosto 04, 2013

espelho d'alma

ele diz: você me olha de um jeito curioso, parece sempre que lá no fundo está querendo me dizer alguma coisa...

ela lembra: "e porque você é uma menina que não pisca nunca e seus olhos foram feitos na primeira noite da criação, e você é capaz de ficar me olhando horas. e porque você é uma menina que tem medo de ver a cara-na-vidraça, e quando eu olho você muito tempo você vai ficando nervosa até eu dizer que estou brincando."

e na verdade:



domingo, julho 07, 2013

além

meu amor imaginário se chama antônio. não sei se é par ou se é filho ainda não nascido.


 mas já está aqui dentro.