segunda-feira, junho 27, 2005

bachelorette

i'm a fountain of blood
in the shape of a girl
you're the bird on the brim
hypnotized by the whirl

drink me - make me real

wet your beak in the stream
the game we're playing is life
love is a two way dream

leave me now - return tonight
the tide will show you the way
forget my name go astray
killer whale trapped in a bay
the ocean miles away

i'm a path of cinders
burning under your feet
you're the one who walks me
i'm your one way street

i'm a tree that grows hearts
one for each that you take
your the ground i feed on
we're circle no one can break

i'm a whisper in water
a secret for you to hear
you are the one who grows distant
when i beckon you near

life is a necklace of fears
your uncried tears on a string
our love will untie them - come here
loving me is the easiest thing


porque essa música é linda.

segunda-feira, junho 20, 2005

must be the colors

eu nunca poderia me apaixonar
por uma pessoa que acha
o céu do fim da tarde
o mesmo do início da noite.

quarta-feira, junho 15, 2005

por não estarem distraídos

"Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria e peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto, ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.
Tudo, tudo por não estarem mais distraídos."
Clarice Lispector
e você? está distraído o suficiente?