quarta-feira, maio 02, 2012

contra-exemplo

“, que não só eu não conheço ninguém, não encontrei ninguém, não tive nem notícias na história da humanidade de ninguém, ninguém que tenha sido mais feliz que eu, e afortunado, eufórico – é verdade a priori, não? –, ébrio de gozo ininterrupto, mas que apesar disso eu permaneci como o contra-exemplo de mim mesmo, também constantemente triste, privado, destituído, decepcionado, impaciente, ciumento, desesperado, e, se de fato ambas as certezas não se excluem, então ignoro como arriscar a mais mínima frase sem deixá-la cair por terra, em silêncio, sem deixar cair por terra seu léxico, cair por terra sua gramática e sua geologia, como dizer outra coisa que um interesse tão apaixonado quanto decepcionado por esta coisa, a língua, a literatura, a filosofia, outra coisa que a impossibilidade de dizer todavia, como faço aqui, ‘eu, eu assino.’ ”

roubei do amigo david, que roubou do derrida.

2 comentários:

Gabriel Rezende disse...

Lembro-me até hoje do dia em que vi este monólogo pela primeira vez. Sinto-me completamente influenciado por ele; mesmo hoje. Talvez porque ainda não o entendo, talvez porque cada vez que o escuto algo novo me acomete. Vou deixar aqui o link para a "cena", já que o início é tão bonito quanto a parte final que você transcreve.

http://www.youtube.com/watch?v=39fSbRCzUiU

pianissima disse...

obrigada!